Ao trabalhar
com o conceito de variação lingüística, estamos pretendendo demonstrar:
- que a língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se apresenta de maneira uniforme em todo o território brasileiro;
"Nenhuma
língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só local, apresenta
um sem-número de diferenciações.(...) Mas essas variedades de ordem geográfica,
de ordem social e até individual, pois cada um procura utilizar o sistema
idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento, não
prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência que têm os que a
falam diversamente de se servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de
manifestação e de emoção."
(Celso Cunha,
em Uma política do idioma)
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que a variação lingüística manifesta-se em todos os níveis de funcionamento da linguagem ;
-
que diversos fatores, como região, faixa etária, classe social e profissão, são responsáveis pela variação da língua;
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que não há hierarquia entre os usos variados da língua, assim como não há uso lingüisticamente melhor que outro. Em uma mesma comunidade lingüística, portanto, coexistem usos diferentes, não existindo um padrão de linguagem que possa ser considerado superior. O que determina a escolha de tal ou tal variedade é a situação concreta de comunicação.
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que a possibilidade de variação da língua expressa a variedade cultural existente em qualquer grupo. Basta observar, por exemplo, no Brasil, que, dependendo do tipo de colonização a que uma determinada região foi exposta, os reflexos dessa colonização aí estarão presentes de maneira indiscutível.
É importante observar que o processo de variação ocorre em todos os níveis de funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia e no vocabulário. Esse fenômeno da variação se torna mais complexo porque os níveis não se apresentam de maneira estanque, eles se superpõem.
Tipos de variação lingüística
Nível fonológico - por exemplo, o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado, ou seja, pronunciado como um u; o r caipira; o s chiado do carioca.
Nível morfo-sintático - muitas vezes, por analogia, por exemplo, algumas pessoas conjugam verbos irregulares como se fossem regulares: "manteu" em vez de "manteve", "ansio" em vez de "anseio"; certos segmentos sociais não realizam a concordância entre sujeito e verbo, e isto ocorre com mais freqüência se o sujeito está posposto ao verbo. Há ainda variedade em termos de regência: "eu lhe vi" ao invés de "eu o vi".
Nível vocabular - algumas palavras são empregadas em um sentido específico de acordo com a localidade. Exemplos: em Portugal diz-se "miúdo", ao passo que no Brasil usa-se " moleque", "garoto", "menino", "guri"; as gírias são, tipicamente, um processo de variação vocabular.
Travaglia (1996),
discutindo questões relativas ao ensino da gramática no primeiro e segundo
graus, apresenta, com base em Halliday, McIntosh e Strevens (1974), um quadro
bastante claro sobre as possibilidades de variação lingüística, chamando a
atenção para o fato de que, apesar de reconhecer a existência dessas variedades,
a escola continua a privilegiar apenas a norma culta, em detrimento das outras,
inclusive daquela que o educando já conhece anteriormente.
Existem dois
tipos de variedades lingüísticas: os dialetos
(variedades que ocorrem em função das pessoas que utilizam a língua, ou seja, os
emissores); os registros ( variedades que ocorrem em função do uso
que se faz da língua, as quais dependem do receptor, da mensagem e da
situação).
Variação dialetal: regional, social, etária e profissional.
Variação de Registro: grau de formalismo, modalidades de uso, sintonia.
Fonte: Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Abraços,
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